Amplitude é um dos Princípios Estruturais de Ataque (P.E.A.) mais estudados ao redor do mundo, em especial pelos praticantes do Jogo Posicional, como Pep Guardiola, Jorge Sampaoli e Maurizio Sarri.

De acordo com Rodrigo Leitão (2009), os P.E.A. são norteadores da estruturação e posicionamento no campo de jogo durante a fase ofensiva. Portanto, o objetivo é auxiliar na criação de espaços na defesa adversária, dificultar sua marcação e, consequentemente, facilitar a produção de jogadas de ataque.

Tratando especificamente da amplitude, vamos conceituá-la para então estabelecer seu funcionamento, aplicação e vantagens.

Conceito

Como definição prática, amplitude configura a distância entre jogadores posicionados nas faixas laterais (largura) do campo. Ter alta amplitude significa aumentar ao máximo essa lonjura longitudinal, enquanto optar pela baixa amplitude aproxima tais atletas. Ambas as táticas podem ser utilizadas quando se tem finalidades diferentes. Contudo, o Jogo Posicional, por exemplo, presume elevada amplitude, alargando ao máximo o espaço de jogo.

Alta Amplitude

Baixa Amplitude

“Jogar Aberto”

Sinônimo de alta amplitude, “jogar aberto” expande espaços livres na parcela central do campo. Atletas postados nos corredores ficarão praticamente acima das linhas laterais e com seus corpos voltados inteiramente para dentro do campo, permitindo visão 180º (completa) das ações da partida.

Para marcar os jogadores “abertos”, o adversário será obrigado a expandir os espaços da última linha defensiva, deixando o meio de campo desguarnecido, senão abdicará do combate nesses setores. Sem combate, permitirá desenvolvimento de jogadas por ali, sejam elas cruzamentos ou corridas diagonais.

Alta amplitude promove infiltração dos volantes pelos espaços centrais, mas terá como contraparte o lateral resguardado, pois se os dois avançaram pelo mesmo lado, haverá desbalanço defensivo, sendo prato cheio para contra-ataques do adversário.

Em azul, os espaços deixados pelos laterais, caminho livre para volantes avançarem (linhas vermelhas)

Outro uso da alta amplitude é no setor defensivo quando se há posse, prática frequente nas equipes de Pep Guardiola. O zagueiro central progride pelo meio enquanto um defensor permanece bem aberto por um lado e outro posiciona-se no setor oposto.

O Manchester City de Guardiola (azul) utiliza amplitude defensiva para construir suas jogadas a partir do campo de defesa

Entretanto, nem tudo são flores. Faz-se necessária extrema velocidade na transição defensiva para não deixar grandes espaços para contra-ataque do adversário. Ao mesmo tempo que beneficia ofensivamente a equipe, promove zonas vulneráveis para atacantes e meias habilidosos e velozes dos rivais. Por isso, incorporar alta amplitude não é somente colocar os jogadores distribuídos em campo. É fundamental treinar princípios estruturais de defesa inerentes à amplitude, como cobertura, relevo e recompactação.

Atacantes Pelo Meio

Baixa amplitude não significa abdicar de pontas. Ao aproximá-los, os corredores latitudinais ficarão livres para o avanço dos laterais, muitas vezes sem marcação ou seguidos somente pelos atacantes adversários.

Outra consequência é a proximidade dos pontas com meias e atacantes, valorizando jogadas de apoio, como tabelas e triangulações, além de permitir ângulos de chute mais promissores. Logo, quando se tem bons finalizadores jogando aberto, colocá-los perto da área e em posição quase frontal é excelente opção.

Atacantes próximos à área, preparados para finalizar, e abrindo espaço para subidas dos laterais (linha vermelha)

Aberto ou Fechado?

Escolher entre alta ou baixa amplitude perpassa diversas variáveis, sendo as principais o estilo tático adotado pelo treinador e as características do elenco.

Por exemplo, se há bons laterais disponíveis e atacantes de lado com boa finalização, baixa amplitude permitirá que todos participem do jogo otimizando as probabilidades de sucesso da equipe.

Com dados do elenco em mãos, a resposta será fácil e as chances de vitória serão cada vez maiores.