As eleições para a presidência do Sport Club Corinthians Paulista, a serem realizadas no final de Novembro de 2023, promoveu inovação sem precedentes ao realizar debate, em rede nacional, entre os dois candidatos ao cargo. André Luiz “Negão” (Renovação & Transparência), representando a situação, e Augusto Melo (oposição), foram à TV Gazeta e discutiram pautas promovidas por jornalistas e torcedores – ou, pelo menos, estavam lá para isso. Contudo, o que se viu foi a fiel ilustração dos dirigentes no modelo associativo de futebol. Há críticas à forma de expressão, por erros em pronúncia, mas isso não é relevante se as ideias por trás são profundas. Porém, não o foram. Como em debates políticos, prevaleceu a demonstração de carta de intenções, com objetivos, mas sem métodos. Zero operacionalização das propostas apresentadas. Fim da participação de empresários na base, reforma de estádio sem investimento do clube e reformulação de elenco. Projetos ousados e importantes, mas como aplica-los? Nenhum dos candidatos conseguiu explicar.
Os debates em rede nacional, majoritariamente, beneficiam a oposição, gerando pressão externa à situação caso o clube não esteja bem. Porém, quem vota, na maioria das vezes, são exclusivamente os associados. Qual o sentido em fazer esses embates se quem decide não é a torcida, composta pelos populares ou sócios-torcedores? Em um país com aumento voraz das SAFs, com donos ao invés de presidentes, como funcionaria esse sistema de comunicação?
Apesar de a ideia ser louvável e revolucionária, o formato é fadado ao rápido fim. O futebol caminha a passos largos para exterminar o modelo associativo em breve. Caso esse cenário seja revertido e a participação popular for retomada, o próximo passo é democratizar a eleições. Só assim os debates entre candidatos será produtivo e realmente relevante.Por Pedro Parada.