O futebol é repleto de jargões, metáforas que representam determinada ação ou reação. A cobertura, princípio estrutural de defesa, faz parte desse rol, com menor grau de complexidade para entender seu significado.
Cobertura é orientação de posicionamento/preenchimento de espaço dos defensores entre a linha da bola e o gol após um deles ser superado. Em outras palavras, trata-se de “cobrir” setor vago por falha defensiva ou habilidade do adversário.
No entanto, como isso funciona? É uma movimentação coordenada ou quem puder volta correndo para ajudar? Existe estratégia de cobertura?
Chegou a hora de descobrir o que é cobertura como tática no futebol.
Conceito
Explana-se: cobertura é ato/efeito de um jogador deslocar-se de sua posição/setor original para proteger região abandonada momentaneamente por companheiro de equipe que foi disputar a bola ou falhou na jogada.
Nas palavras de Rodrigo Leitão, “refere-se aos ajustes de posicionamento da equipe que marca, criando na sua estrutura defensiva possibilidades de ajuda e correções às ações de defesa que não tiveram êxito imediato”.
Caso o atleta vermelho drible o defensor, outros dois estão posicionados para “cobrir” o espaço que ele avançar
Essa orientação de posicionamento é realizada próxima à linha da bola, pois molda a atitude do atleta em relação às ações ocorridas em seu entorno.
A cobertura tem por finalidade (1) corrigir falhas de marcação, (2) impedir/direcionar passes do adversário ou (3) combater, em 2ª instância, o avanço de rival habilidoso. Logo, é um princípio estrutural de defesa interacionista com companheiros.
Nos primórdios do esporte, essa função era relegada ao líbero, atleta que ficava atrás da última linha da equipe. O mais notório deles foi Lothar Mattheus, Campeão do Mundo pela Alemanha em 1990.
O Líbero se posicionava como “último homem” e avançava sobre o atacante que conseguisse superar os defensores
Preocupações
Caso seu time tenha necessidade de realizar muitas coberturas, com certeza o sistema defensivo está desequilibrado. Ademais, se utilizada sem parcimônia, sequência de coberturas criará outros espaços pelo campo, impossíveis de serem reparados.
O ponta da equipe vermelha superou dois rivais na ala (circulados em azul). O zagueiro, desesperado, realizou a 2ª cobertura, deixando espaço para o atacante a suas costas infiltrar e ficar cara a cara com o goleiro
Outra preocupação é com a característica de seus atletas. Geralmente, os jogadores responsáveis por coberturas são volantes ou zagueiros. Eles precisam de valências físicas específicas para realizá-las com perfeição. São elas velocidade de corrida e de reação.
Correr muito, mas sempre saindo atrás do adversário, não fará com que o alcance. Movimentar-se antes dele, mas sem a explosão necessária para pegá-lo, será ineficiente. Por isso, aliar a velocidade do corpo e da mente é fundamental para praticar a cobertura no futebol.
Batalha em dois Fronts
A cobertura é essencialmente defensiva. Contudo, pode ser construída durante o próprio ataque. Posicionar jogadores para “atacar defendendo” garante maior segurança em face de contra-ataques.
Enquanto ataca pela esquerda, os jogadores de defesa posicionam-se em “Y” do lado em que está a bola, fazendo prévia cobertura do lance
Lembrando, a cobertura é um posicionamento auxiliar ao companheiro em disputa da bola, preparando-se para atacar o espaço criado na linha defensiva.
Assim como em bolos, a cobertura não faz parte dos principais ingredientes. Porém, quando bem utilizada, melhora bastante seu sabor – e em excesso faz mal.
