As 5 Maiores Rivalidades Interestaduais do Brasil

O Brasil é recheado de grandes rivalidades estaduais. São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e Minas Gerais concentram grandes clubes, polarizados em embates concentrados nos campeonatos regionais. Com a expansão do esporte graças às competições nacionais e internacionais, rivalidades interestaduais ganharam corpo no País.

O The Whaler elencou as 5 maiores rivalidades interestaduais do Brasil, considerando as rixas entre torcidas, grandes jogos disputados e fatores extracampo, como brigas entre as diretorias.

5º – São Paulo X Cruzeiro

Marcos Paulo, à frente, comemora o título da Copa do Brasil de 2000, vencida pelo Cruzeiro diante do São Paulo (Evelson de Freitas/Folhapress)

O Tricolor paulista tem confrontos históricos ante à equipe Celeste, com ampla dominância do São Paulo. A rivalidade tomou forma na década de 90, com a decisão da Recopa Sul-Americana de 1993, vencida pelos jogadores do Morumbi.

Pouco depois, na final da Copa do Brasil de 2000, o Cruzeiro devolveu a derrota, levando o título para Minas com direito a gol aos 45 do segundo tempo. Após um 0x0 no Cícero Pompeu de Toledo, o Cruzeiro fez 2×1 no Mineirão. Para muitos, esse jogo é considerado a Maior Final da Copa do Brasil.

A partir dali, as torcidas organizadas criaram rivalidade perigosa, recorrentemente gerando brigas e confusões nos estádios.

Entretanto, o principal capítulo dessa disputa se divide em três atos, expostos nas Copas Libertadores de 2009, 2010 e 2015. No primeiro, deu Cruzeiro. No ano seguinte, melhor para o Tricolor, que foi à semifinal. Em 2015, nas oitavas de final, o Cabuloso passou depois de acirrada disputa de pênaltis.

Com o possível renascimento do Cruzeiro após a venda da SAF, grandes embates entre as equipes podem aflorar, resgatando essa grande rivalidade Café com Leite.

4º – Corinthians X Internacional

Tinga tenta driblar Fábio Costa e é derrubado. Esse não-pênalti é um dos momentos mais icônicos do futebol nacional.

Uma das mais céleres frases do futebol nacional nasceu dessa rivalidade. O “Põe no DVD” simboliza a rixa entre Corinthians e Internacional, forjada no campeonato brasileiro de 2005. Ambos disputaram o título até a última rodada, que acabou na sala de troféus alvinegra.

No confronto direto daquela temporada, no Pacaembu, aconteceu o célere lance da expulsão do volante colorado, Tinga. O jogador driblou o goleiro Fábio Costa e foi derrubado pelo arqueiro, mas acabou expulso pelo juiz por simulação.

Em 2009, as equipes se enfrentaram na final da Copa do Brasil. Novamente, deu Corinthians. O vice-presidente de futebol do Internacional à época, Fernando Carvalho, montou um dossiê em vídeo com lances que considerou favoráveis ao Timão na competição. Após a final, torcedores e jogadores do Corinthians clamaram o “põe no DVD”, em alusão ao compilado feito por Fernando.

Anos depois, o ex-vice-presidente afirmou que “o DVD foi um erro”. Mas já era tarde para mudar algo.

Em 2020, contabilizando 41 anos de jejum do Internacional no Brasileirão, o Colorado somente precisava ganhar a última partida do campeonato para levar o caneco. À frente, o algoz Corinthians. O empate em 0x0, com gol anulado do Inter no último ataque da partida, imortalizado em narração por Gustavo Villani, acabou com as esperanças do time de Abel Braga. Mais uma vez, o Corinthians engasgado.

Contudo, nem tudo são flores para os corinthianos. O Brasileirão de 1976, único vencido pelo Internacional, foi em cima do alvinegro paulista. Em mata-matas da Copa do Brasil, com exceção da final em 2009, o Inter eliminou o Timão em 1992 (com direito a massacre do Colorado por 4×0 no Pacaembu), sagrando-se campeão naquele ano, e em 2017.

Parelho, pegado e competitivo. Inter e Corinthians protagonizaram grandes histórias no futebol brasileiro. Se tem esse clássico na televisão, vale a pena gravar no DVD.

3º – Sport X Bahia

Na Taça Brasil de 1959, o Sport venceu o Bahia por 6×0, no maior placar da história do confronto. Mesmo assim, o campeão daquele torneio foi o Tricolor baiano.

Bahia e Sport batem de frente pelo posto de equipe mais campeã do Nordeste. Quando um vence, o outro faz de tudo para igualar. Não à toa, quando o Sport foi campeão brasileiro em 1987, o Bahia não mediu esforços e conquistou a taça em 1988. Ninguém aceita ficar para trás.

Até em número de torcedores, ambos estão empatados, com 1,2% da população brasileira para cada lado (aproximadamente 2,4 milhões de pessoas). São as maiores da região. Por isso, eles mantêm o recorde de maior público em uma final da Copa do Nordeste, realizada em 2001, com 69 mil presentes na Fonte Nova. O campeão foi o Tricolor de Ação, que venceu o jogo em casa por 3×1.

As equipes repetiram a final da mesma competição em 2017, também vencida pelo Bahia.

Porém, no jogo de maior relevância entre os clubes, na Copa Sul-Americana de 2015, foi a vez do Leão do Norte avançar. O Bahia venceu na Fonte Nova por 1×0, mas na volta, com a Ilha do Retiro vibrando, o Leão atropelou o Tricolor por 4×1.

Em 2022, com ambos na Série B, a previsão é de ótimos confrontos visando as vagas para a primeira divisão.

2º – Santos X Botafogo

Garrincha (1º à esquerda) e Pelé (centralizado) lideraram os embates entre os Esquadrões de Botafogo e Santos nos anos 60.

Dois times que marcaram a geração mais vitoriosa do futebol brasileiro. Santos de Pelé e Botafogo de Garrincha dominaram o cenário nacional na década de 60, sendo base das Seleções de 1958, 1962 e 1970.

A Era dos Esquadrões reservou um memorável embate entre as equipes, conhecido como O Maior Jogo do Mundo – na verdade, foram três partidas, condensadas na final da Taça Brasil de 1962.

O primeiro jogo foi no Pacaembu, vencido pelo mandante por 4×3. O segundo, no Maracanã com mais de 100 mil expectadores, ficou com o Glorioso, por 3×1. Na partida de desempate, veio a apoteose: também no Maracanã, o Santos, com um Pelé em ebulição, massacrou o Estrela Solitária por 5×0.

“O Maior Jogo do Mundo”. Até hoje, muitos consideram aquela partida o ápice do futebol nacional.

Na Libertadores do ano seguinte, os clubes se enfrentaram na semifinal, e o Botafogo buscava revidar a humilhante derrota sofrida. Nada feito. O 1×1 no primeiro jogo, em São Paulo, deu esperanças para o torcedor carioca, mas o rolo compressor da Vila quase repetiu o último confronto no Maracanã: 4×0, com direito a hat-trick de Pelé. O Peixe ainda seria campeão da competição daquele ano.

A redenção do Glorioso veio mais de 30 anos depois, na final do Campeonato Brasileiro de 1995. O Santos alcançou a final em campanha heroica, virando um 4×1 adverso na semifinal diante do Fluminense. Comandado pelo meio-campista Giovanni, o Time da Vila venceu por 5×2 na volta, com dois gols e três assistências do atleta.

Encontrariam, do outro lado, velho conhecido: Botafogo de Futebol e Regatas. O elenco do Glorioso era equilibrado, tendo como estrela solitária no ataque o artilheiro Túlio Maravilha.

Essa final é recheada de polêmicas. O Botafogo venceu o primeiro jogo, no Rio de Janeiro, por 2×1, mas ouviu a torcida santista gritar “É Campeão” no fim do tempo regulamentar, tamanha a certeza de mais uma virada aos moldes do que ocorreu com o Fluminense.

Porém, em São Paulo, o Peixe até pressionou, mas o placar de 1×1 garantiu a taça ao Botafogo. Os dois gols daquela tarde foram irregulares. Túlio, pelo Glorioso, estava impedido quando marcou. Na jogada do gol de Marcelo Passos, pelo lado santista, Marquinhos Capixaba dominou a bola com o braço antes dela sobrar para o meia finalizar.

Outro lance capital foi aos 35 minutos do segundo tempo. O Santos faz um gol de cabeça, que é invalidado por impedimento inexistente.

A torcida santista se considera Campeã Moral de 1995, alcunha satirizada por botafoguenses até hoje. Ao final, a taça está em General Severiano.

1º – Atlético Mineiro X Flamengo

41 anos: Foi o tempo que a torcida atleticana demorou para celebrar uma taça sobre o Flamengo desde a conturbada eliminação da Libertadores-81.

Em 2022, Galo e Mengão disputaram a Supercopa do Brasil. Após belíssimo empate em 2×2 no tempo normal, deu Atlético nos pênaltis. Atualmente, com os dois liderando o futebol nacional em termos de títulos e qualidade do elenco, é normal se enfrentarem recorrentemente. Porém, essa história nasceu em 1980, escalonando para a maior rivalidade interestadual do Brasil.

A década de 90 reservou 4 grandes duelos entre os clubes: uma oitavas de final (1986), uma semifinal (1987) e uma final (1980) de Brasileiro e uma “classificatória” de Libertadores (1981).

Na final de 1980, o Galo venceu o primeiro jogo por 1×0, em Mineirão com mais de 100 mil torcedores. Na volta, no Maracanã, o 3×2 do Rubro-Negro garantiu o caneco na Gávea, pois o Flamengo tinha vantagem do empate de saldo no regulamento da época.

A Libertadores de 1981, vencida pelo Flamengo, marcou eternamente a amargura atleticana frente ao adversário. O Jogo que Não Terminou, como ficou conhecido, tratava-se de um jogo-extra qualificatório, pois ambos terminaram em primeiro lugar do grupo e precisavam decidir quem passaria para a próxima fase da competição continental.

Para se ter ideia da paridade dos confrontos, os dois jogos da etapa de grupos terminaram empatados em 2×2. Graças ao nível das brigas nos bastidores, a Conmebol decidiu sediar a partida em Goiás, no Serra Dourada, com o árbitro carioca José Roberto Wright.

Sem entrar nos pormenores do conturbado jogo, que podem ser lidos com detalhes aqui, o Galo perdeu a partida por W.O. por ficar com somente 6 jogadores em campo – foram 5 expulsões no Atlético Mineiro até o início do segundo tempo.

Em 1987, o Galo foi o adversário do Flamengo na semifinal da Copa União. Foi sobrepujado e viu o Rubro-Negro levantar mais uma taça às suas custas. A torcida atleticana sofreu nas mãos do rival e a rivalidade tomou corpo.

Na Copa do Brasil de 2014, veio o primeiro passo da redenção alvinegra mineira. Derrotado por 2×0 na semifinal da competição no Rio de Janeiro, o Atlético conseguiu virada heroica, por 4×1, no Mineirão, alcançando a final do campeonato e erguendo o troféu em final contra seu principal rival, o Cruzeiro.

O último capítulo dessa disputa foi a já citada Supercopa do Brasil de 2022, vencida pelo Galo.

Contudo, graças aos times que esses clubes têm, ainda veremos muitas disputas entre eles – e provavelmente em pouco tempo.

Por Pedro Parada

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