Seleção Brasileira: Decadência e Renascimento

A Seleção Brasileira segue colecionando vexames em Copas do Mundo, competição a qual a consagrou como a camisa mais pesada do futebol mundial.

Em 09/12/2022, fomos eliminados pela Croácia nos pênaltis, após partida com ampla superioridade tática da equipe europeia. Um país com pouco mais de 4 milhões de habitantes destruiu o sonho do Hexa de 214 milhões de brasileiros. Mas como?

Jogadores extraclasse, nós temos. História, também. Mas o que falta para retomarmos as glórias passadas? Seria o treinador, a “mentalidade vencedora” ou o psicológico dos atletas?

Tudo perpassa pela estrutura do nosso futebol nacional. É daqui que sai a matéria-prima da Seleção, reflexo direto da forma como tratamos o esporte.

A desorganização da Confederação Brasileira de Futebol, com trocas recorrentes de diretores por variados motivos – inclusive criminais – se assemelha aos meios-campos de Brasil x Alemanha no fatídico 7×1 e ao que não viu a cor da bola contra Modric, Kovacic e Brozovic. Desorganização, desorientação e falta de habilidades para analisar e tentar reverter a situação. Relega-se tudo  a uma estratégia, uma forma de jogo, sem desenvolver alternativas práticas para cada partida.

Desde 2006, assim como em 2022, alguns jogadores convocados somente o foram pela “panelinha” que mantinham com treinador e colegas. Assim é a gestão esportiva dos nossos clubes e CBF, relegada às trocas de favores entre dirigentes influentes. A competência é substituída pela afinidade, e o resultado não poderia ser outro.

O treinador Tite permaneceu 6 anos no cargo de comandante máximo da Seleção Brasileira. Os clubes mais vitoriosos do País, Palmeiras e Flamengo, tiveram 8 e 12 treinadores, respectivamente, nos mesmos 6 anos. Tite permaneceu por não termos opções melhores no futebol nacional, mas se mostrou limitado quanto ao que pode oferecer à equipe, sendo esmagado taticamente por profissionais da 2ª prateleira mundial, como Lionel Scaloni (1º trabalho como treinador), Zlatko Dalić (atuou somente na Croácia e Oriente Médio) e Roberto Martínez (rodagem por equipes da 2ª divisão inglesa e Everton-ING).

A nova realidade da única Pentacampeã Mundial é dura, mas deve ser encarada frontalmente: Somos uma fábrica de jogadores, mas não de profissionais do futebol. Treinadores, gestores e dirigentes amadores, avessos ao estudo e à humildade e, principalmente, instáveis emocionalmente, traço recorrente em pessoas sem convicção ou inseguras.

É necessário que a CBF e os clubes invistam no desenvolvimento de seus profissionais, recorrendo às escolas estrangeiras para evoluir. Nós já os ensinamos anteriormente. Não há mal em aprender com os melhores e inserir nesses conceitos o toque brasileiro. Paramos no tempo e essa é a única forma de retomar a competitividade.

O Brasil monotom segue cantando seus cinco sucessos do passado, sem perspectiva de novas conquistas no presente. Em algum momento, as melodias vão cansar e, com o tempo, serão esquecidas. Outras equipes, com ritmos e composições inovadoras (às vezes baseadas nas nossas), nos superarão. É questão de tempo e trabalho. E o trabalho deles está a todo vapor. É a hora e a única forma de revidarmos.

Por Pedro Parada

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